Abril de 2023, estudo feito pela Famivita com mais de 2.100 participantes entre 19 de dezembro de 2022 e 02 de janeiro de 2023: Todos os anos, cerca de 131 milhões de pessoas são contaminadas pela Clamídia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os números preocupam especialmente porque é uma doença silenciosa que, se não tratada de maneira adequada, pode trazer diversas consequências — incluindo a infertilidade feminina e masculina.
A maior parte das infecções por Clamídia ocorre sem causar nenhum sintoma. Foi devido a essa característica predominantemente assintomática, que a doença se disseminou pelo mundo. Por isso, também, conforme apontam especialistas, acontece com frequência da doença ser descoberta somente quando o casal vai tentar a gravidez e não consegue.
Causada pela bactéria Chlamydia Trachomatis, a doença é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral) ou de mãe para filho, no momento do parto. Considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), ela atinge os órgãos genitais de homens e mulheres e pode também afetar os olhos e a garganta. E, relacionado ao tema, nosso último estudo revelou que 49% dos brasileiros e brasileiras nunca ouviram falar sobre a Clamídia.
Você já ouviu falar da Clamídia (Infecção Sexualmente Transmissível)?
Quem vê cara, não vê infecção
As IST's são causadas por vírus, bactérias e outros agentes e disseminadas principalmente pelo contato sexual sem proteção. Anteriormente elas eram chamadas de DST's (doenças sexualmente transmissíveis). A nomenclatura foi alterada porque, segundo a OMS, o termo “doença” se refere a um problema de saúde que resulta em sinais visíveis no organismo, e muitas pessoas contraem as IST's e não apresentam nenhum sintoma, como no caso da Clamídia.
Porém, apesar de ser assintomática em cerca de 70% dos casos, a Clamídia pode se revelar em alguns sinais, como vontade frequente de urinar e ardência durante o ato, corrimento vaginal ou uretral, inchaço na vagina, nos testículos e no ânus, entre outros.
No Brasil, não existem dados epidemiológicos a respeito da Clamídia, pois ela não é uma doença de notificação obrigatória, mas, as informações mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC/2017), mostraram que a maioria dos casos se dá na faixa etária entre 15 e 24 anos.
O diagnóstico é simples e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), assim como o tratamento. A doença pode ser detectada por médicos em consultas clínicas, exames específicos e coletas de secreções genitais, e tratada com antibióticos. Não existe vacina para prevenir a Clamídia - ela pode ser evitada somente com o uso de preservativos. E nosso estudo constatou, igualmente, que 76% das pessoas entrevistadas nunca fizeram um exame para saber se têm Clamídia, sendo que 22% responderam que sim, realizaram a análise e deu negativo, e 2% responderam que tiveram um resultado positivo.
Você já fez um exame para Clamídia?
- Especialmente os mais jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos, não sabem sobre a existência da doença com 52%
- Já dos 25 aos 29 anos, esse número foi de 49%.
- 48% das mulheres que estão tentando engravidar, afirmaram desconhecer a Clamídia.
- 50% dos homens enfatizaram nunca ter ouvido falar sobre a Clamídia, contra 48% das mulheres.
Clamídia e Infertilidade
O prejuízo à capacidade reprodutiva é uma consequência comum da Clamídia. Isso porque quando ela se desenvolve e vai se tornando um problema mais grave, pode atingir órgãos responsáveis por isso. Nas mulheres, por exemplo, a Clamídia pode significar infertilidade, à medida que provoca a inflamação do útero e das tubas uterinas, causando a Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Isso pode fazer com que as tubas fiquem obstruídas, impedindo a passagem dos espermatozoides ou do embrião. Favorece, ainda, a gestação ectópica, ou seja, fora do útero, considerada de risco para a mulher.
Outra doença feminina causada pela Clamídia é a endometrite, a inflamação do endométrio. O endométrio é o tecido de revestimento da parede interna do útero, onde o embrião se implanta para que comece sua evolução. Quando a paciente possui endometrite, existem grandes riscos de falha de implantação ou abortamento espontâneo.
Os homens também podem se tornar inférteis como consequência da Clamídia. As duas principais doenças relacionadas são a prostatite e a epididimite, inflamação na próstata e no epidídimo, respectivamente. Estes problemas podem prejudicar ou impedir o transporte dos espermatozoides, causar alterações seminais e distúrbios hormonais, incluindo diminuição do número total de espermatozoides. E, em nosso estudo, o índice de pessoas que já receberam um exame positivo para Clamídia se concentrou na faixa etária dos 45 aos 49 anos, com 30%.
- 78% das mulheres tentando engravidar nunca fizeram um exame para Clamídia.
- Principalmente na idade entre os 18 e os 24 anos, as pessoas entrevistadas nunca fizeram um exame para Clamídia, com 78%.
- Acre e Rio Grande do Sul foram as localidades onde a população mais expressou haver realizado a análise para Clamídia, com 50% e 37%, respectivamente.
Importante ressaltar, além disso, que os exames que retornaram positivamente, relativos às pessoas entrevistadas, em geral, foi de 12%, sendo que 18% concentraram-se nos exames dos homens.
Ranking dos estados em que participantes revelaram que já fizeram um exame para Clamídia
- 1.Acre
- 2.Rio Grande do Sul
- 3.Mato Grosso
- 4.Alagoas
- 5.Amapá
- 6.Rio de Janeiro
- 7.Paraná
- 8.Bahia
- 9.Amazonas
- 10.Santa Catarina
- 11.Tocantins
- 12.São Paulo
- 13.Roraima
- 14. Mato Grosso do Sul
- 15.Pernambuco
- 16.Goiás
- 17.Minas Gerais
- 18.Distrito Federal
- 19.Paraíba
- 20.Piauí
- 21.Pará
- 22.Maranhão
- 23.Ceará
- 24.Sergipe
- 25.Espírito Santo
- 26.Rondônia
- 27.Rio Grande do Norte
Índice dos estados em que as pessoas entrevistadas apontaram saber sobre a Clamídia
Método de Pesquisa
O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 2.100 participantes entre 19 de dezembro de 2022 e 02 de janeiro de 2023. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.
As seguintes questões foram abordadas:
- Você já ouviu falar da Clamídia (Infecção Sexualmente Transmissível)?
- Você já fez um exame para Clamídia?
- Qual foi o resultado?
Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.